sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quando o amor acaba

De repente, o que era luz se faz sombra. A época do namoro, as delicadezas e olhares apaixonados dão lugar à amargura, a aridez dos dias.

E muita gente afirma: O amor acabou!

Uma sentença que cai pesada sobre os ombros de quem ouve. O fim do amor talvez seja a mais triste noticia para um ser humano. Afinal, o amor move o Mundo e enche a vida de alegria.

Mas será que o amor acaba? Afinal, é um sentimento tão forte que ultrapassa a barreira dos relacionamentos pessoais e deságua nas relações sociais.

Onde há um grupamento humano há a necessidade de amor.

Amor de pais, de filhos, de amigos. Amor entre um homem e uma mulher. Que importa de que tipo é o amor?

Basta que ele exista para que seu perfume imediatamente transforme os ambientes, ilumine os olhos, torne o ar mais leve.

E se é tão essencial o amor, por que o deixamos acabar? Por que permitimos que ele se amesquinhe e seja sufocado?

O que nem sempre sabemos priorizar o que realmente é importante. Nem sempre sabemos cuidar das pessoas que mais amamos.

Por vezes tratamos mal justamente aqueles a quem mais queremos bem. São nossos pais, irmãos, esposos e filhos...

Eles deveriam ser nossa prioridade, mas parecem estar sempre em último lugar. Para eles deveríamos guardar os gestos de delicadeza, os afagos, as palavras gentis.

Pior ainda é quando permitimos que os abismos e silêncios aconteceram em nossa casa.

É como um câncer, que começa devagarzinho, vai se instalando e se torna incontrolável.

E tudo começa porque deixamos de conversar, de trocar experiências, de compartilhar o espaço que chamamos lar. E assim vamos nos afastando dos seres amados.

E ainda há a negligência. Deixamos de falar, de sorrir, de dar atenção aos de casa.

Concentrados em pessoas com as quais temos contato meramente social, aos poucos substituímos o grupo familiar pelos amigos, colegas de trabalho e até por gente que acabamos de conhecer.

Assim vamos deixando a vida seguir. De repente, quando percebemos, o tempo passou, os filhos estão adultos, os irmãos casaram, os pais morreram.

Ou esto idosos demais sequer para ter uma conversa divertida num fim de tarde. O trem da vida seguiu e nós nem o vimos passar.

É quando chega o arrependimento, a saudade, a vontade de ficar junto mais um pouco.

Nem sempre é preciso esperar: alguém que morre repentinamente, um acidente, uma doença inesperada.

E percebemos, então, que desperdiçamos o tempo que estivemos ao lado daquela pessoa especial;

daquele filho divertido;

daquela mãe dedicada;

daquele pai amoroso;

daquele companheiro que estava bem ao lado, caminhando junto.

Não. O amor não morre. Nós o deixamos murchar, apagar-se. O nosso desleixo, desatenção e preguiça que sufocam o amor.

Mas basta regar com cuidado, sorrisos e carinho, para que ele reviva.

Como planta ressequida, o amor bebe as palavras que lhe dirigimos e se reergue.

O amor nao morre nunca. Mesmo que acreditemos que ele está morto e enterrado, que desapareceu, ele apenas aguarda que um gesto de amor o fça reviver.

Experimente! Olhe para as pessoas de sua família, para o seu amor, e lembre-se das belas coisas que viveram.

Não deixe que as más lembranças o contaminem. Focalize toda a sua atenção nos momentos mais felizes.

Abrace, afague, sorria junto, diga o quanto os ama.

E se, de repente, seu coração acelerar, seus olhos ficarem úmidos e uma indescritível sensação de felicidade tomar conta de você, não tenha dúvida: são os efeitos contagiantes e deliciosos do amor.


Autor:
Redação do Momento Espírita.

sábado, 24 de setembro de 2011

QUEM?


Quem nesta vida já não se sentiu assim sem rumo, perdido, rendido às contingências do momento? Quem já não experimentou estas fases onde tudo é desalento, e embora abrigado, cercado de gente, continuou absolutamente só qual se estivera ao relento? Quem já não se perdeu do passado? Quem já não ficou sem vislumbrar futuro, sem sentir um medo atávico e ver-se assim totalmente inseguro? Quem já não ficou sem saber o que fazer com o agora, levado pela correnteza da vida incerta, no malogrado ajuste do ponteiro das horas? Quem já não se perdeu de Deus, após tê-lo encontrado? Quem já não se perdeu do filho, após tê-lo criado? Quem já não secou por dentro, após ter muito amado? Quem já não se perdeu no caminho que parecia adequado? Quem já não experimentou um medo visceral da morte? Quem já não tremeu diante de uma súbita virada da sorte? Quem já não teve todos os planos e sonhos desfeitos? Quem já não se viu lesado nos seus mais legítimos direitos? Quem já não se viu órfão de toda a esperança? Quem já não se viu, de repente, sem guiança sem rumo, sem bússola, sem farol, sem diretriz? Quem já não se sentiu um dia, desesperadamente infeliz? Quem já não se sentou à beira do caminho, extenuado vendo a vida passar, como filme apenas, projetado na ínfima condição de mero expectador isolado e nada mais reivindicou neste momento, senão a suprema bênção de poder ficar calado? E poder então soltar o passado, não temer mais o futuro, abdicar de vez do agora e voltar ao estado original após ter fechado um doloroso ciclo; fazer-se pronto para mais uma volta da infinita espiral!
Autora:Fátima Irene Pinto - Do Livro 'MOMENTOS CATÁRTICOS'