segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O tempo e o pensamento

Father Time Overcome by Hope, Love, and Beauty, 1627, Simon Vouet (French Baroque Era Painter, 1590-1649), Oil on canvas, 107 x 142 cm, Museo del Prado, Madri

A questão sobre a natureza do Tempo, problematizado pelos filósofos pré- socráticos, é um tema transformador, relacionado ao ideal metafísico, onde auxilia-nos a compreender que a vida se transforma num ato contínuo a partir dele. Opiniões opostas como a de Anaximandro de Mileto (60 a.C.- 545 a.C.), que via nele uma maneira de correção da injustiça moral em que consiste a existência singular, e também Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C.), que o considerava fonte de renovação da vida. Aristóteles, na Física, já abordava problemas à existência do tempo. Para o filósofo, o tempo não poderia existir, já que nenhuma das suas partes existe. O instante presente, por não ter duração precisa, o passado já aconteceu e o futuro ainda não é. A visão de Immanuel Kant, sobre o tempo é baseada na estrutura da relação do sujeito com ele próprio e com o mundo. É uma forma a priori da sensibilidade, juntamente com o espaço. O tempo é uma intuição pura a priori no plano da sensibilidade, é uma noção objetiva de observação e não é extraído da experiência, mas sim prévio a qualquer experiência. Poderíamos discorrer na linha do tempo, sobre o pensamento de vários filósofos, mas no vórtice da vida , vamos tomar os citados como base, mas mudar um pouco a direção e nos apoiar sob a justificativa de que o tempo é caminho precioso para nossa evolução, pois como bem discorria o filósofo J. Herculano Pires “curta é a vida, longo é o tempo”. À semelhança dos antigos filósofos, diríamos que os dias atuais exigem respostas incisivas e concisas. A maioria diria que não há tempo. Analisando a realidade do tempo e mergulhados nesse processo, reflexionamos sobre o Ser psicológico. Geralmente, alguém que se equivocou não gosta de lembrar o passado. Mas é imprescindível não esquecer que vivemos com acertos e erros. Se nos infelicitamos também entendemos e amamos outras pessoas. O melhor então, é seguir em frente. Muitas vezes queremos retornar ao passado com o conhecimento que possuímos hoje, para não cometermos os mesmos erros; talvez isso ocorresse, mas, e se não tivéssemos forças suficientes para encarar o mesmo problema novamente? Partindo desse pressuposto, arquivado no nosso subconsciente, já visualizamos nosso futuro carregado de desafios, vazio. Diante de uma sociedade consumista, na qual estamos inseridos, envolvidos numa balbúrdia, onde atropelam-se os significados de qualidade, onde perde-se a escala de valores, e o que conta é o Ter, não o Ser, desse modo, nos envolvemos em incertezas e preocupações. Grassa uma lenda, que certa vez, um mestre, informado que ocorrera grande incêndio numa floresta próxima dali, convidou seus discípulos para que fossem novamente plantar cedros no terreno, após prepará-lo. Um discípulo perguntou-lhe: Mas para que plantar o cedro hoje, se ele demora dois mil anos para desenvolver-se e chegar à plenitude? O sábio respondeu-lhe: Não sabemos quem plantou aqueles que morreram, embora nos oferecessem sombra e vida para sempre. Já que demoraram tanto para desenvolver-se, não percamos tempo. Assim deveríamos encarar o Tempo, e a experiência que resulta da vivência, portanto, cada instante merece um investimento preciso, se pretendemos direcionar para o futuro. Já dizia um sábio da Antiguidade “Conhece-te a ti mesmo”. Ao tempo em que naves adentram o Sistema Solar, escutam o pulsar das estrelas, buscando a linguagem da vida, que consigamos conciliar nossa vida e o tempo, pois o tempo é como uma pedra preciosa por lapidar. Dia a dia, nos desgasta e nos transforma, até que um novo entendimento da vida nos faça brilhar, através de uma viagem interior em busca da meta final: felicidade!


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